As aparências (des)iludem!

Ponto número 1 e único: De longe eu pensar que sei tudo da vida e afins, até porque do topo dos meus 31 anos, continuo a saber cada vez menos.

Rebentou a bolha, estou farto de ouvir falar sobre como tudo vai mal e tudo é mau, todos têm de ser, fomos desgovernados durante anos, etc., agora sou eu a falar (escrever) e quem quiser que leia (ouça)!

Ontem, o governo caiu/fizeram-no cair/atirou-se ao chão/qualquer outra coisa e a mim custou-me muito, não porque seja defensor ou opositor, mas simplesmente, porque na situação em que estamos temos de fazer muitos esforços e durante muito tempo para recuperar. É triste como tudo não passa de um perder tempo, quando já não temos tempo, é vergonhoso... Seja quem for que venha a seguir vai ter de fazer exactamente a mesma coisa pela qual o governo caiu/fizeram-no cair/atirou-se ao chão/qualquer outra coisa.

Desde há 30 anos, pelo menos, que todos somos ricos.

Somos??? Claro que não... aparentamos ser, algo bem pior e que acarreta problemas bem mais graves, como o que estamos a viver desde há 2 anos para cá. Para aparentarmos ser ricos, temos de subir escalas no estilo de vida que podemos suportar e baixar escalas na sanidade mental que temos.

Alguns trocam anos de vida, mas há quem troque vidas (várias, inclusive) inteiras (e que me lembre, não somos gatos) por um monte de equipamentos que todos os anos ficam fora de prazo, compramos/construímos casas de um tamanho que poderia abrigar um qualquer campo de refugiados (onde é que é a guerra agora? Líbia, isso) líbios e cheias dos mesmo equipamentos que todos os anos passam de prazo ou são completamente inúteis, compramos carroS (também cheios dos equipamentos), porque somos um bando de preguiçosos alérgicos a usar as pernas. Tão alérgicos a usar as pernas que num dia de Sol preferimos ficar em casa a exercitar-nos com um qualquer jogo de consola, numa das muitas TV's gigantes espalhadas por esse pequeno país a que chamamos casa ou, e porque também somos alérgicos ao ar livre, fechados num ginásio. Essa mesma TV que está ligada a uns mil canais diferentes (todos duvidosos) e que apenas insiste em fazer-nos ter mais inveja do Próximo. Deixamos de cozinhar para ter uma liquidificadora gigante a fazer cozido à portuguesa em 5 minutos, ou então vamos a um qualquer restaurante "espectacular" comer uma uva com mel por cima e pagar o equivalente a 15 refeições.

Juntamos os milhares de "gadgets" que fazem todos o mesmo, mas apenas vêm em formatos diferentes, para levarmos nas férias que não merecemos ("não há dinheiro, não há vícios" sempre ouvi dizer, mas olha que se lixe, "perdido por 1, perdido por 100", também sempre ouvi dizer) a destinos onde queremos e fazemos por viver como Reis, muitas vezes na outra casa (país) que também comprámos e onde passamos 4% da nossa vida (sim 4%, fiz as contas a 15 dias por ano e vivendo 80 anos, basicamente comprámos uma casa para morar lá 3 anos no total). Para não me alongar mais neste capítulo, é melhor parar por aqui com a conclusão:

Somos uns "freaks" do consumismo e despesismo.

Abrimos, todos juntos, um buraco gigante que depois nos recusamos a tapar, isto porque já temos os buracos que abrimos individualmente e que atabalhoadamente vamos tapando... ou não.

Tudo isto, em nome do quê?... Não faço a mais pequena ideia, mesmo.

Enquanto isso, quem manda e quem quer mandar, andam a perder tempo, porque não gostamos do que o que quem manda anda a mandar. "Não gostas, mas comes" dizia a minha mãe quando eu era pequeno e eu comia e todos vamos comer, porque não há outra hipótese, independentemente de quem mande. Apenas nos andamos a dar ao "luxo" de comer mais e pior. Somos os maiores, não haja dúvida.

Tudo isto só ajuda a que o buraco de todos Nós seja cada vez maior e que demore mais tempo a tapar. Se isso significar, e acho que agora é mais que certo, que o bicho papão (FMI) vem aí, que venha, também já não quero saber, aí cada um vai ter de arcar bem mais a doer com as consequências dos seus actos e decisões (ir)reflectidas e eu nesse momento apesar de ser pobre vou-me considerar rico e para tal basta-me não ter nada que na realidade practicamente ninguém tem, mas bem vistas as coisas a única coisa que difere é o pacto que NÃO fiz com o diabo e não ter trocado a minha única vida seja pelo que for.

Ontem a desilusão apoderou-se de mim em relação a Nós, mas "amanhã" posso ir para onde quer que seja cheio de orgulho em Mim com um sorriso na cara.